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✢ CAUSA DAS SINGULARIDADES DA CULTURA MODERNA EM CALVINO - II
GOVERNO COLEGIAL: O SENADO
Calvino também defendeu insistentemente que o governo não deveria e não poderia fazer tudo. Tinha que ser limitado em suas tarefas e alcance. Se não fosse assim, encalharia como nos tempos do profeta hebreu Samuel.
O sermão de Calvino sobre 1º Samuel 8 indica um dos textos mais amplamente detalhados acerca do pensamento político nas Escrituras. A sua exposição de 1561 discute os perigos da monarquia, a necessidade de uma limitação apropriada do governo, e o lugar da Soberania divina sobre os governos humanos. É um exemplo do Calvinismo ao máximo, equilibrando cuidadosamente a liberdade individual e o governo adequado.
Calvino começou o seu sermão sobre 1º Samuel 8 declarando que o povo de Israel, inclusive até o último minuto, justo antes de eleger um rei, estava em liberdade de mudar de opinião. Tal liberdade fazia com que o reinado fosse opcional.[1] Então, Samuel lhe advertiu “que aquele que reinasse sobre eles tomaria aos seus filhos e os usaria pra os seus propósitos e lhes saquearia e roubaria.” Calvino pregou que “há limites prescritos por Deus para o seu poder, dentro dos quais deverão ser satisfeitos: a saber, trabalhar pelo bem e governar e dirigir o povo na verdadeira equidade e justiça; sem inchar com a sua própria importância, senão recordando que eles também estão sujeitos a Deus.”
O chamado de Calvino a sujeitar-se aos governantes não era sem limites. Deus estabeleceu magistrados apropriadamente “para o uso do povo e o benefício da república.” Consequentemente, os reis também têm estatutos a satisfazer: “não devem empreender guerras imprudentemente, nem aumentar as suas riquezas ambiciosamente; nem hão de governar aos seus súditos sobre a base de sua opinião pessoal, ou do modo que desejarem.” Os reis tinham autoridade sempre e quando cumprissem as condições do pacto de Deus. Consequentemente, proclamou do púlpito de San Pierre que “os súditos estão debaixo da autoridade dos reis; mas ao mesmo tempo, os reis devem preocupar-se pelo bem-estar público para que possam cumprir os seus deveres prescritos por Deus com o bom conselho e madura deliberação.”
O plano do modelo republicano sugerido por Jetro (Êxodo 18) aparece como uma inovação da qual Calvino pensou que não tivesse origem na mente do homem. Outros comentaristas, num intervalo desde Aquino e Maquiavel até Althusius e Ponet, viram no conselho de Jetro como um exemplo primitivo de federalismo ou republicanismo. Comentando acerca de uma passagem similar, em Dt. 1.14-16, Calvino declarou:
Portanto, parece mais claro que aqueles que haviam de presidir em juízo não foram indicados somente pela vontade de Moisés, senão que foram eleitos pelos votos do povo. E esta classe de liberdade mais desejável, que não sejamos obrigados a obedecer a cada pessoa que tiranicamente se imponha sobre nossas cabeças; senão que seja permitido pela eleição, para que ninguém exceto aquele que seja aprovado por vocês. E isto se confirma ainda mais no verso seguinte, em que Moisés esperou o consentimento do povo, e que não intentou nada que não agradasse a todos.Assim, Calvino viu em Êxodo 18 como representativo de uma forma republicana.[2] O Concílio de Vinte Cinco, o menor de Genebra, também foi conhecido como o Senado.
Este farol genebrino, cujas ideias pregadas, mais tarde chegaram às costas da América, e deram a conhecer como os reis abusam de seu poder, segundo a história de Samuel, e distinguiu entre um tirano e um legítimo príncipe com estas palavras: “um tirano governa por sua própria vontade e desejo, enquanto que um magistrado legítimo governa pelo conselho e pela razão, buscando determinar como trazer o maior bem-estar e benefício público.” Calvino desaprovou o costume opressivo dos magistrados “que tomavam parte nas pilhagens para enriquecer-se às custas dos pobres.”
O caráter do Calvinismo se exibe neste (e outros) sermões que advogam por um governo limitado. Calvino estava correto em dizer que a responsabilidade era um bem para desacelerar um governo que a si atribuía mais do que deveria. Alterou nada menos que a trajetória do governo.
POLÍTICAS DESCENTRALIZADAS: A REPÚBLICA
Uma das salvaguardas processuais da reforma cívica de 1543 – uma garantia dos recursos distintivos do governo calvinista – foi que as várias ramificações do governo local (concílios) não poderiam mais atuar unilateralmente. A partir daquele momento, pelo menos dois concílios se requeriam para que se aprovassem as medidas antes de serem ratificadas.[3] Este mecanismo republicano primitivo, o qual preveniria que todo o poder governamental se consolidasse num simples concílio, preanunciava a doutrina da separação dos poderes de Montesquieu por dois séculos, uma contribuição calvinista que nem sempre é reconhecida. A principal base lógica para esta autoridade descentralizada foi uma simples, mas bíblica ideia: é possível que até mesmo o melhor líder pense de forma egoísta e cega, assim, é necessária uma forma de correção mútua e prestação de contas. Este tipo de pensamento, incorporado à esfera eclesiástica de Genebra (escrito nas Ordenanças Eclesiásticas de 1541), e derivado essencialmente de fontes bíblicas, antecipou muitos casos posteriores do federalismo político. A estrutura do presbitério genebrino começou a influenciar a política cívica genebrina; todavia, isso também promoveu a separação de poderes e proveu proteção da oligarquia. O resultado foi uma sociedade muito mais aberta e estável que antes, e a orientação de Calvino para a prática é óbvia nestas áreas.
O mesmo processo de eleições genebrinas foi um reflexo da opinião de Calvino sobre a natureza humana e o papel do Estado. Numa das tradições democráticas organizadas mais antigas, os concidadãos de Calvino elegiam quatro novos presidentes comunitários (comissionados) de uma lista de oito para um período de um ano. Então, vários níveis de concílios eram eleitos pelos cidadãos.
Esta política ao estilo calvinista, que parecia ser liberal, ou perigosamente democrática para esse momento, proveu controles e equilíbrios, separação de poderes, eleição pelos residentes, e outros elementos da estrutura federal que logo seria copiada como uma das exportações mais valiosas de Genebra. Outras características do federalismo, incluindo um sistema primitivo de apelações, se desenvolveram no final da década de 1540. Não somente era a reforma religiosa na Genebra de Calvino,[4] como também buscava a promoção dos governados num grau nunca antes visto, levando ao mundo novas formas estáveis do republicanismo. Pelo o menos, deve-se reconhecer que “a destacada correlação, tanto em tempo como no espaço, entre a propagação do protestantismo calvinista e o surgimento da democracia.”[5]
Seguindo o ensino de Calvino,[6] os governantes eleitos se viam como se estivessem em dever para com Deus, obrigados a servir o bem ao público e evitar perseguir benefícios pessoais. Esta noção de desinteressado dever político deveria muito de sua resistência a Calvino e, por completo se converteu numa característica integral da cultura pública de Genebra. Os oficiais municipais não eram empregados assalariados em tempo integral nos dias de Calvino, e a combinação de controles e balanças entre os vários concílios requeriam um governo que fosse racionalizado e simples. Os ofícios políticos de Genebra, em contraste com os medievais e alguns costumes modernos, não existiam com a finalidade de lucro para os oficiais. Inclusive, tais ofícios eram evitados por alguns, requerendo a ameaça de uma multa caso um cidadão se recusasse a servir após a sua eleição.[7]
Genebra se converteu no principal laboratório para a implementação de muitas ideias republicanas de Calvino. Como tal, o seu modelo político local dá pistas acerca do caráter do Calvinismo, completo com sua tendência de limitar o governo. Tais características como períodos limitados, equilíbrio dos poderes, anulação cidadã, magistraturas em esferas diferentes e a prestação de contas, eram o coração dos governos do Novo Mundo, que mais adiante amplificou o calvinismo a outras gerações e lugares.
Muitas das ideias que iniciaram com a reforma de Calvino em Genebra, e logo foram parte do tecido da América foram cultivadas e entrelaçadas no século XVII. Costumes que agora são plenamente aceitos como a liberdade de expressão, de reunir, de discordar, se estenderam quando os discípulos dinamarqueses, ingleses e escoceses de Calvino refinaram estas ideias.
IGUALDADE ENTRE TODAS AS PROFISSÕES: A DOUTRINA DA VOCAÇÃO
Outro dos aspectos formadores da cultura do pensamento de Calvino foi a sua ênfase no sagrado das vocações ordinárias. Antes de Calvino e da Reforma Protestante se pensava que a doutrina da vocação ou, o chamado era somente para o clero. Todavia, sua posição acerca do trabalho como inerentemente dignificado por nosso Criador elevou todas as disciplinas e vocações legítimas ao estado de santo chamado. Qualquer um poderia, após Calvino, ser tão chamado à medicina, ao direito e à educação, como um pastor protestante era chamado para servir à igreja.
O conceito de chamado em Calvino para o trabalho pesado não equiparava necessariamente ao êxito ou, a prosperidade com a benção divina. Ainda que seus pontos de vista tinham uma tendência persistente de enobrecer várias áreas do chamado humano e do labor. Os negócios, o comércio e a indústria foram elevados pelos princípios de Calvino, e aqueles que lhe aderissem, se converteriam em líderes da empresa moderna. Max Weber e outros estão corretos ao notar que o Calvinismo dignificou o trabalho e os chamados de muitas formas.
Antes de seu tempo, muitos trabalhadores tinham pouco sentido de chamado, a não ser se entrassem no sacerdócio. Devido principalmente à ênfase sacerdotal da igreja católica romana, antes da Reforma, o “chamado”, ou vocação, estava altamente restringida aos chamados eclesiásticos. Calvino ensinou que qualquer área de trabalho – a agricultura, a docência, o governo, os negócios – podiam ser um chamado válido de Deus, tão sagrado como servir num ministério. Esta foi uma mudança na cosmovisão, o qual, em última instância, alteraria muitas economias, culturas e vidas humanas.
A formação da Academia de Genebra sob Calvino para um chamado para educação em geral (não somente nos estudos religiosos), oferecendo estudos de direito, medicina, história e educação. Calvino e outros reformadores ajudaram a retirar a distinção entre o sagrado e o secular. Ele percebeu que uma pessoa poderia servir a Deus em qualquer área ou profissão, e glorificá-lo. Calvino se reuniu com muitos líderes, empreendedores, impressores e mercadores de seu tempo, e não denegriu nenhum chamado legítimo. O caráter do Calvinismo enobrece todo bom trabalho. Despido de sua ênfase numa vida futura, o Calvinismo chamou a seus partidários para serem líderes em todos as esferas do esforço humano aqui e agora.
O seu comentário sobre o quarto mandamento, em Êxodo 20, também sublinhava a dignidade do trabalho. Do mesmo modo que Deus ordenou o povo descansar o sétimo dia, assim também, o Senhor esperava que eles trabalhassem nos demais dias. O trabalho era vital para todas as pessoas criadas à imagem de Deus, e assim, para Calvino, todos os chamados são importantes. A doutrina de Calvino sobre o trabalho se vê mais sublinhado – para não dizer, amplamente popularizado – por sua explicação de que o quarto mandamento que nos ordena descansar um dia de sete, igualmente nos chama a trabalhar durante os outros seis.
Quer, pois, comamos ou bebamos, Calvino concorda com Paulo no Novo Testamento, façamos tudo para a glória de Deus. Por isso, após a Reforma, o grande compositor Johan Sebastian Bach assinava cada uma de suas obras com as iniciais “SDG”. Essas letras representam a frase em latim Sola Dei Gloria (somente a Deus seja a glória). Esse organista conhecia o caráter do Calvinismo e o aplicava ao seu ofício. Alguns dos mais excelentes cristãos da história também aplicaram o senhorio de Cristo às suas próprias vocações e serviram como líderes em vários campos para a glória de Deus.
A ECONOMIA E A GANÂNCIA: A MÃO INVISÍVEL
Para o interesse dos historiadores, sejam simpatizantes ou não de Calvino, o que ele fez durante este tempo, transformou Genebra num fórum vivo e dinâmico para o desenvolvimento econômico. Com uma crescente comoção intelectual, evidenciada pela fundação da Academia de Calvino e a presença de instituições financeiras modernas (por exemplo, o Medici bank), Genebra se converteu no centro ideal para aperfeiçoar e exportar a reforma.[8]
Onde quer que se difundisse o Calvinismo, também o faziam pelo amor do livre mercado e do capitalismo. Se uma medida válida de liderança é o impacto que ele pode causar em seu contexto imediato, pode-se bem comparar a diferença socioeconômico de Genebra antes e depois de Calvino. Esta diferença pode-se notar comparando os três principais segmentos de ocupação. Antes da imigração de Calvino (1536), Genebra tinha 50 mercadores, 3 impressores e alguns poucos, se algum, nobres. No final da década de 1550, Genebra era o lar de 180 mercadores, 113 impressores e publicadores, e pelo menos 70 aristocratas refugiados que afirmavam pertencer à nobreza.[9]
Todavia, é certamente errôneo pensar, como Max Weber em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905), que os calvinistas igualavam a prosperidade material como um sinal de que eram eleitos. Para refutar esta ideia, pode-se simplesmente consultar o ensino de Calvino sobre o oitavo mandamento. Nesse mandamento que proibia roubar, Calvino interpreta que sustentar e proteger a propriedade pessoal era, por implicação, perfeitamente normal. De fato, esse mandamento, corretamente entendido, ordenava que se evitasse a avareza pelo o que os outros tinham, e exigia que cada pessoa “se conduzisse com honestidade e preservasse o que fosse seu.” Calvino advertiu aos crentes que não esbanjassem o que Deus providencialmente lhes deu, e também que cuidassem do bem-estar do próximo. Também viu este mandamento como um chamado ao contentamento como “nossa própria porção”, e que estudamos para adquirir nada mais do que ganhos legais e honestos; se não desejamos enriquecer com injustiça, nem saquear o nosso próximo ou as suas riquezas... se não nos apressamos em acumular riquezas cruelmente extraídas do sangue de outros; se não reunimos a duras penas com demasiada ânsia qualquer coisa que possa engordar a nossa avareza, ou satisfazer a nossa prodigalidade. Por outro lado, que seja a nossa meta constante prestar nosso conselho com fidelidade e ajudar a todos assistindo-os para que retenham a sua propriedade.[10]
A comum e confusa caricatura de Calvino como um capitalista insensível, deve ser contrastada com a oração que ele sugeriu antes de iniciar o trabalho, a qual está inclusa no Catecismo de Genebra de 1562. Nessa oração ele levou às pessoas a pedir a Deus que lhes abençoasse o trabalho, observando que se Deus não abençoar “nada de bem pode prosperar.” Ele orava para que o Espírito Santo concedesse auxílio aos trabalhadores neste chamado “sem nenhuma fraude ou engano, e que deste modo, prestemos mais cuidado ao seguir as suas ordenanças, do que em satisfazer o apetite de enriquecermos.” Junto disto, Calvino rogou a Deus que diminuísse a prosperidade, se previsse que o povo necessitava de uma porção de pobreza para fazê-los retornar os seus sentidos. Longe de ser insensível pelos menos afortunados, Calvino orou para que os trabalhadores “não caiam em desconfiança”, que “esperem pacientemente” para que Deus lhes providencie e “descanse com toda a segurança em sua pura bondade.”[11]
Ele declarou também que qualquer esforço que não tivesse a caridade como sua meta principal estaria enfermo desde a raiz. Noutro lugar, Calvino advertiu que a luxúria poderia incitar a grandes problemas e produzir “falta de cuidado em relação à virtude.” Além do mais, advertiu contra contender ansiosamente por riquezas e honras, confiando em nossa própria destreza e assiduidade, ou descansar no favor dos homens, ou confiar em vãs propostas de fortuna; senão que sempre devemos ter respeito pelo Senhor.” Para que Calvino não seja mal entendido, também fez um chamado para que “não se coloque freio” para impedir-nos “de sentir um ansioso desejo de ser ricos, ou uma ambiciosa busca pela honra.”[12] A ética da prosperidade que se desenvolveu após ele em Genebra é um dos efeitos de grande alcance em seu pensamento e prática. Ele também advogou em prol da confiança em Deus e não nas riquezas!
A MÚSICA EM LÍNGUA VERNÁCULO: O SALTÉRIO
Uma das primeiras iniciativas de Calvino foi traduzir música composta para o uso na adoração pública no idioma de seu tempo. Ao reconhecer que o que as pessoas cantam num contexto santo tem um impacto duradouro no modo como agem, por isso, Calvino queria que a adoração – em todos os seus aspectos – fosse inteligível. Pouco depois de se estabelecer em Genebra, propôs a um talentoso músico, Clemente Marot, a que traduzisse os salmos para o francês dos meados do século XVI. Calvino queria que todos os participantes na adoração, não somente os clérigos, fossem capazes de entender e reiterar as verdades das Escrituras, entretanto, em forma poética. A sua democratização do cântico sacro e de outros elementos da adoração, fez que os congregantes participassem da liturgia divina; simultaneamente estimulou o esforço dos artistas.
Os hinos e os cantos poderosamente alojaram ideias distintas na mente popular, especialmente quando eram ajudados pela leitura da Bíblia no idioma comum e os ouvidos os sermões, eram entendidos pelas massas. O cântico destes Salmos proporcionou aos protestantes a oportunidade de confessar os seus credos e alguns antiprotestantes até chegaram a ver estes Salmos como um ato inerentemente subversivo.[13]
Marot nunca completou a tradução e arranjo dos Salmos, mas o discípulo de Calvino, Theodoro Beza assumiu o mesmo compromisso, se não com mais engajamento, deste projeto o qual alteraria a natureza da adoração protestante tanto como promoveria inculcar o ensino bíblico dentro do que eventualmente se tornaria uma mentalidade puritana. Inclusive Beza patrocinou um concurso de composição de hinos, pouco após a morte de Calvino, num intento por harmonizar a poesia do Saltério com tons que pudessem ser cantados.
É possível que a maior atividade de imprensa do século XVI, a tradução francesa dos Salmos metrificados por Beza, tenha se impresso na antiga cidade de Genebra.[14] Este Saltério, o qual se converteu no cancioneiro internacional da expansão do Calvinismo, foi editado numerosas vezes (27.400 cópias foram impressas apenas em 1562). Stanford Reid nota que num nível maior que “todos os magníficos raciocínios teológicos entraram na mesma textura da vida dos mais humildes membros. Por isto, o crédito deve ser em grande parte do primeiro pastor de Genebra.”[15]
Outros meios que veicularam a importação do Calvinismo para o Ocidente, além dos muitos Saltérios, foi a Bíblia de Genebra e as Anotações do Novo Testamento de Beza. Os quais inspiraram aos leitores desde Shakespeare (em suas obras compostas durante a década de 1590, Shakespeare citou a Bíblia de Genebra)[16] aos colonizadores americanos com notas nas margens referentes ao pacto, a vocação... destituição de reis, a supremacia da Palavra de Deus [sobre a tradição humana], e o dever de se resistir a tirania.”[17] O hinário dos Salmos métricos de Beza e Marot, o qual se tornou surpreendentemente popular, preparou o caminho para a aceitação de outras ideias apoiadas pela enorme influência de Beza.[18] Consequentemente, a arte foi elevada e se converteu em algo útil para o progresso cultural.
Quando os colonos puritanos se estabeleceram na América do Norte, um dos best sellers mais consistentes daqueles dias foi o Saltério de Bay, uma revisão ligeiramente disfarçada do Saltério de Calvino. Os discípulos de Calvino sabiam que a fé que entoa poderosas verdades também repassa essas verdades às gerações futuras e, a música de adoração posta no vernáculo foi um grande passo nessa direção.
O PODER DE PUBLICAR IDEIAS: AS IMPRENSAS GENEBRINAS
Se Martinho Lutero aproveitou o potencial da imprensa, Calvino e seus seguidores elevaram o uso a uma forma de arte. Com o surgimento da imprensa de Gutenberg, os reformadores aproveitaram este novo meio de comunicação com o propósito de promover o seu pensamento e seus planos de ação. Talvez, não houve reformador de primeira geração que aproveitasse tanto o momento como João Calvino. Expressar as suas ideias com clareza e regularidade foi parte de sua vida.
A habilidade de Calvino de defender os seus pontos de vista rapidamente por meio da imprensa ampliou o impacto duradouro de seu pensamento.[19] O número de livros publicados em Genebra se elevou de 3 volumes em 1536 a 28 em 1554, e a 48 em 1561. O número de volumes impressos em Genebra durante os cinco anos prévios a sua morte, deu uma média surpreendente de 38 volumes por ano (multiplicou-se dez vezes em 25 anos). A média baixou a 20 por ano após a sua morte.[20] Em 1563 havia pelo menos 34 imprensas, muitas delas manuseadas por imigrantes.[21] Pouco após da morte de Calvino, um contemporâneo escreveu: “as obras impressas que inundavam o país não podiam ser detidas por proibições legais. Quanto mais editos eram promulgados pelos tribunais, mais se multiplicava a produção de folhetos e artigos.”[22]
Genebra também desenvolveu um extensivo e eficiente sistema de distribuição literária. Laurent da Normandia, um amigo de infância de Calvino (quem mais tarde se tornou no prefeito de Noyon) desenvolveu uma rede de distribuidores que introduziram publicações genebrinas calvinistas na França e em outras partes da Europa. Muito dos livros foram formatados de modo que fossem pequenos para serem escondidos rapidamente, se necessário, entre as roupas.[45] Milhares de livros foram contrabandeados e se espalharam ao longo de toda a Europa durante o tempo de Calvino e várias distribuições de literatura se converteram em mártires protestantes.[23]
Tão frutífera foi a cidade de Calvino em difundir a mensagem que todos os livros impressos em Genebra foram proibidos na França no início de 1551. As Institutas da Religião Cristã de Calvino (junto com pelo menos nove de suas obras) foram oficialmente proibidas na França desde 1542, mas isto não pode suspender a circulação de seus livros. Como resultado, Genebra foi identificada como um centro subversivo por suas publicações; o Edito de Chanteaubriand, de 1551, proibiu entre outras coisas, a importação e circulação de livros genebrinos.[24] Distribuir tais obras para a venda poderia incorrer no castigo secular. Todavia, muitos livros se infiltraram pelas permeáveis entradas da Europa. Alguns impressores astutos, que não estavam dispostos a se frustrarem pela censura estatal, engenhosamente responderam utilizando tipos e letras comumente usados por impressores franceses e publicaram utilizando endereços fictícios.[25] Este novo meio e sua linha de distribuição enérgica permitiram que a mensagem de Calvino transcendesse aos limites geográficos de Genebra.
Os pensamentos de Calvino se espalharam por toda a Europa e navegaram através do Atlântico com vários colonizadores, surgindo frequentemente em sermões e panfletos em várias colônias. Bem que os sermões ingleses do século XVII ainda se referissem às Institutas de Calvino como uma fonte robusta para oporem-se ao abuso do governo, os sermões coloniais da América transmitiam os seus sentimentos ainda mais.
Provavelmente nenhuma outra obra teológica foi tão lida, nem tão influente desde a Reforma até a Revolução Americana... Na Inglaterra foi considerada “o melhor e mais perfeito sistema de divindade” tanto por anglicanos, como por puritanos, até a supremacia [do Arcebispo William] Laud na década de 1630” escreveu o historiador Dartmouth Herbert Foster. Era exigido dos estudantes universitários de Oxford que lessem as Institutas de Calvino e seu Catecismo de 1578. [26]
“A maioria das bibliotecas das colônias parecem conter alguma obra de Calvino”, e “uma escassa lista de livros nas colônias de New Hampshire a Carolina do Sul parecem carecer de livros escritos por calvinistas.”[27]
Inclusive o filósofo escocês David Hume, que não era um admirador nem de Knox ou de Calvino, admitiu “as ideias republicanas da origem do poder do povo nesse tempo [aproximadamente 1607] eram consideradas novidades puritanas.”[28] Então, as ideias de Calvino tiveram vida própria e se transformaram em ações reproduzidas por muitos outros, em grande parte a imprensa e o sábio uso que Calvino fez de tal inovadora tecnologia. Pode-se argumentar fortemente que a religião mais determinante dessa época era o calvinismo, ou alguma de suas ramificações. Depois de sua morte, em 1564, Calvino continuou vivendo através de seus escritos, os quais hoje são amplamente acessíveis, e continua como mentor de diversas gerações de discípulos.
EPÍLOGO
A concepção calvinista da liberdade, onde quer que chegasse, fornecia aos cidadãos confiança e proteção. No espaço de um século, as colônias americanas exibiram estas características calvinistas. Não foi acidentalmente chamado um dos primeiros códigos legais colonial “O Compêndio de Liberdades de Massachussets”. Tão próximo se encontrava a liberdade e a lei que os discípulos de Calvino habitualmente associavam os códigos legais com tábuas de liberdade. A razão era que um entendimento apropriado da liberdade é essencial para que qualquer projeto prospere, quer seja um negócio, algo cívico ou religioso. Calvino havia percebido uma opressão das liberdades – tanto em Paris quando os protestantes eram perseguidos como no olhar dos muitos refugiados católicos romanos que chegavam regularmente aos muros de Genebra – e, formou a sua perspectiva das liberdades baseado na Palavra de Deus e, da mesma foram evitou fazer mau uso dela.
Poucos pensadores deste período, ou de um anterior, são tão relevantes para o futuro como Calvino. Calvino estabeleceu tanto a necessidade positiva para um governo bem organizado, como as limitações de seu alcance. A sua teologia reformada obrigava ao governo a ser limitado ao cumprir o seu papel de servo do povo; o seu entendimento político ajudou a frear o Leviatã. Hoje, quando os indivíduos atuam frequentemente como se as entidades governamentais centralizadas pudessem prover soluções duradouras a uma ampla categoria de problemas sociais e individuais, o realismo calvinista é uma das poucas tradições intelectuais substanciosas que convicentemente adverte contra os danos gêmeos da utopia e da ameaça do expansivo poder governamental.
De todas as teologias, o Calvinismo fez a maior contribuição à democracia. Um resumo da política calvinista reduz as ideias de Calvino a cinco pontos que podem ser de contínua validade. Herbert Foster reconheceu os seguintes indícios característicos do legado político de Calvino,[29] e estas impregnam as contribuições culturais observadas anteriormente acima:
A absoluta soberania de Deus pressupõe que os direitos humanos universais (ou a lei Fundamental de Beza) devem ser protegidos e, não devem render-se ante o capricho da tirania.
Estas leis fundamentais, que sempre foram compatíveis com as leis de Deus, são a base de todas as liberdades políticas que desfrutamos.
Os pactos mútuos, que são ensinados por Beza, Hotman e o Vindiciae, entre os governantes e Deus e, entre os governantes e os súditos eram perpétuos e necessários.
Como ensinaram Ponet, Knox e Goodman, a soberania do povo flui de maneira lógica das obrigações mútuas destes pactos antes mencionados.
Os representantes do povo, e não o próprio povo, são a primeira linha de defesa contra a tirania.[30]
Para obter um bem informado entendimento da própria democracia ocidental – e até da própria modernidade – é essencial ao menos uma compreensão elementar de Calvino. Infelizmente, muitos continuam inadvertidos da significativa contribuição que a liderança de Calvino fez para abertura das sociedades. Até poderiam atribuir que a Reforma de Calvino ajudou a propagar a democracia participativa. Ainda que sua herança não ocupe um lugar privilegiado em nossos livros-texto, nem em nossa tradição pública, temos uma grande dívida de gratidão com nossos pais calvinistas por seus esforços para estabelecer um governo limitado e a liberdade pessoa baseada na virtude. Um único homem com o coração inflamado mudou o mundo.
O Juiz Antonin Scalia da Suprema Corte de Justiça Americana uma vez estimou a realização político primordial do milênio como a lei estabelecida por representantes eleitos, em vez de pelo rei ou os seus peritos. Scalia que era o candidato para o prêmio fin-de-millénaire no final de 1999 era do princípio de que as leis devem ser feitas não por algum governante, nem por seus ministros, nem por seus juízes designados, senão que, por representantes do povo. Este princípio democrático de autogoverno era virtualmente desconhecido no mundo feudal que existia no princípio do milênio: “...Este princípio varreu tão completamente o marcador, que até os países que de fato não o obedecem, pretendem fazê-lo, fingindo com aparente eleições sem oposição.”[31]
E continua Scalia:
Nós americanos estamos tão acostumados com a democracia que nos parece ser a ordem natural das coisas. Entretanto, ela não o é. Durante a maior parte da história humana documentada, a maioria das pessoas foram regidas por governantes determinados por hereditariedade, ou eleitos por uma aristocracia poderosa, ou impostos por força das armas. Entre nós sempre houve reis e imperadores; presidentes (ou seus equivalentes) foram bem pouco frequentes.[32]
Todavia, deve-se notar pela afirmação anterior que o juiz Scalia está descrevendo o tipo de republicanismo que foi inaugurado por Calvino e seus discípulos – uma república baseada na verdade eterna de liberdade moralmente ordenada.
Ainda durante o século XX os estudiosos permaneciam conscientes de Calvino. De fato, de acordo com o teólogo contemporâneo Douglas Kelly, o legado de Calvino continua, e, é “talvez, o mais forte e mais profundo, pelo mesmo fato de que suas raízes passam tão desapercebidamente”. Amplos segmentos do pensamento político frequentemente têm abraçado tais conceitos calvinistas como respeitar limites estabelecidos para o poder do governo e permitindo ao povo o direito de resistir ante a opressão, contudo, sem saber realmente onde começaram estas ideias.[33] A formulação original destas ideias por parte de Calvino logo foi “ampliada, sistematizada e difundida amplamente na civilização ocidental. ...Assim, modificada ela prevaleceria na metade do mundo por aproximadamente meio milênio.”[34]
Calvino deve ser reconhecido por sua contribuição global ao legado da liberdade e a abertura nas sociedades democráticas. É inegável que ele teve grande influência nos pais fundadores da América, que absorveram muito mais Calvinismo do que alguns conseguem perceber, particularmente em suas perspectivas da natureza do homem e a necessidade de um governo.
João Calvino foi muito mais do que um teólogo, e sua influência se estendeu além das igrejas.[35] Calvino e seus discípulos medidos por este novo milênio, provavelmente trará contribuições mais duradouras do que Karl Marx, Napoleão Bonaparte, Albert Einstein, Bill Gates ou Henry Ford. Calvino inspirou as mudanças culturais que fizeram surgir a filosofia política dos fundadores da América, um evento realmente extraordinário na história do mundo. Os pais fundadores, como George Washington, James Madison, Samuel e John Adams, Patrick Henry e Thomas Jefferson[36] se mantiveram sobre os ombros de alguns dos maiores filósofos da história, dos quais o menor não foi o pastor de Genebra a algumas centenas de anos. Que ainda lhe comemoram como um significante líder por meio milênio após o seu nascimento, indica o caráter robusto de seu pensamento e a resistência de um legado para as gerações vindouras.
Com as assinaturas acima das contribuições culturais de Calvino em mente, talvez será de interesse um breve esboço de sua vida.[37]
Notas bibliográticas
[1] Citações desta seção foram retiradas da tradução de Douglas Kelly dos sermões de 1 Samuel 8, em Charles Raynal e John Leith, eds., Calvin Studies Colloquium (Davidson, NC: Davidson College Presbyterian Church, 1982).[2] Para mais evidencias desta tese, veja meu “Government by Moses and One Greater Than Moses”, em Election Day Sermons (Oak Ridge, TN: Kuyper Institute, 1996).
[3] Em 1542 o Concílio Geral adotou esta cláusula: “Nada deve ser colocado antes do Concílio dos Duzentos que não tenha sido tratado no Concílio Menor, nem perante o Concílio Geral antes de ter sido tratada no Concílio Menor, bem como no Concílio dos Duzentos” (traduzido por Kim McMahan).
[4] No início de Massachusetts a frequência à igreja foi sancionada. Era multado quem se ausentasse da igreja na Genebra Reformada. E. William Monter, Studies in Genevan Government, 1536-1605 (Geneve: Droz, 1964), p. 79.
[5] Robert M. Kingdon, Calvin and Calvinism: Sources of Democracy (Lexington, MA: D.C. Heath and Company, 1970), p. vii.
[6] Monter observou que Calvino não se esforçou em instruir o magistrado existente “para mostrar aos outros o que os magistrados são e para que fim que Deus lhes designou.” Monter, Studies in Genevan Government, p. 58.
[7] Ibid., p. 57.
[8] Vários estudos detalham a Genebra de Calvino. Entre os melhores estão: E. William Monter, Calvin’s Geneva (New York: John Wiley & Sons, 1967); Alastair Duke, Gillian Lewis, and Andrew Pettegree, eds., Calvinism in Europe, 1540-1610: A Collection of Documents (Manchester, UK: Manchester University Press, 1988); J.T. McNeill, “John Calvin on Civil Government,” in George L. Hunt, ed., Calvinism and the Political Order (Philadelphia: Westminster Press, 1965), pp. 22-45; William A. Dunning, A History of Political Theories: From Luther to Montesquieu (New York: Macmillan, 1919), pp. 26-33; W. Fred Graham, The Constructive Revolutionary: John Calvin, His Socio-Economic Impact (Richmond, VA: John Knox Press, 1975); William G. Naphy, Calvin and the Consolodation of the Genevan Reformation (Manchester, UK: Manchester University Press, 1994). Duas recentes biografias também devem ser adicionadas em nosso entendimento: William Bouwsma’s John Calvin: A Sixteenth-Century Portrait (New York: Oxford University Press, 1988), e Alister McGrath, A Life of John Calvin (Oxford: Basil Blackwell, 1990).
[9] Os números apresentados por Monter, de fato, podem ser questionados. É possível que os registros foram melhor preservados após 1536, o que poderia explicar o surgimento da classe mercante (Calvin’s Geneva, p. 5). Todavia, é possível que tenha se estabelecido o astronômico surgimento de prensas e da nobreza. Os nobres principalmente vindos da França, fugiam para Genebra por aderirem ao Protestantismo no lar, pois permanecer lá significaria a sua morte.
[10] Institutas, 2.8.46.
[11] Duke, Lewis, and Pettegree, Calvinism in Europe, p. 34.
[12] Institutas, 2.8.45.
[13] W. Stanford Reid, “The Batle Hymns of the Lord: Calvinist Psalmody of the Sixteenth Century”, Sixteenth Century Journal, vol. 2, no. 1 (1971), pp. 43, 45. Reid comenta que: “se pensarmos nos quatorze mártires de Meaux que cantaram o Salmo 79, os cinco eruditos de Lausanne em Lyon que cantaram o Salmo 9, ou outros que se voltaram para outras partes dos Salmos enquanto iam ao encontro da morte, pode-se ver como o último grande combate da fé, de fato, os Salmos eram verdadeiros hinos de batalha.” (p. 46). Estes Salmos, uma vez enraizado, caberia em qualquer ocasião e forma de resistência” (idem).
[14] Monter, Calvin’s Geneva, p. 181.
[15] Reid, “The Battle Hymns of the Lord”, pp. 36-54, fala dos Salmos como sendo os mais antigos hinos de batalha dos movimentos modernos de resistência.” Reid também descreve a visão de música eclesiástica de Calvino como uma via media entre adoção liberal de Lutero da música contemporânea e a eliminação que Zwingli fez da música de Grossmunster.
[16] Veja David L. Edwards, Christian England: From the Reformation to the Eighteen Century (Grand Rapids, Eerdmans, 1983), p. 146. Em “A Translation Fit for a King”, Christianity Today (October 22, 2001), David Neff argumenta quão poderosamente a tradução da Bíblia ajudou a florescer a Liberdade. “Logicamente”, Neff observa, “ela é razoalmente um passo curto da linguagem bíblica da liberdade para a política secular da liberdade.” Para mais, veja o meu artigo em www.christianitytoday.com/ct/2001/013/6.36.html
[17] Kingdon, Calvin and Calvinism, p. 40.
[18] Herbert D. Foster, Collected Papers of Herbert D. Foster (publicação particular, 1929), p. 93.
[19] McGrath contrasta o sucesso de Calvino com o reformador Vadian de Zurich, e identifica o “extensivo programa de publicação” de Calvino com um fator de diferença. McGrath, A Life of John Calvin, pp. 124-126.
[20] Monter, Calvin’s Geneva, p. 179.
[21] Robert Kingdon explica que o número provável mais uma vez alguns foram reproduzidos por outros. Em 1562, vizinhos reclamaram que as fábricas de papel eram próximas do relógio. Robert M. Kingdon, Geneva and the Coming Wars of Religion in France, 1555-1563 (Geneva: Librairie Droz, 1956), p. 94. Jean Crespin contratou a compra de fardos de papel de fora de Genebra (p. 95).
[22] William G. Naphy, ed., Documents on the Continental Reformation (New York: St. Martin’s Press, 1996), p. 87.
[23] Monter, Calvin’s Geneva, p. 182. Robert Kingdon observa que os livros tinham tão ampla circulação que antes de 1560 o Cardeal de Lorraine facilmente colecionou 22 panfletos para criticá-los. Kingdon, Geneva and the Coming Wars of Religion in France, p. 103. Outro historiador em 1561 registrou a propagação em Paris do Saltério de Beza, os catecismos, e livros cristãos, eram “todos bem encapados em cor vermelha e preta com couro de bezerro, alguns com detalhes dourados” (p. 103).
[24] Monter, Calvin’s Geneva, p. 182.
[25] Duke, Lewis and Pettegree, eds., Calvinism in Europe, p. 57.
[26] McGrath, A Life of John Calvin, p. 12. Veja também E. Droz, “Faussez addresses typographiques”, Bulletin of Historical Research 23 (1961): pp. 380-386, 572-574.
[27] Kingdon, Calvin and Calvinism, p. 37. O sermão mencionado por Foster foi pregado em 1663 por um ministro britânico chamado Robert South, que se referiu à Calvino como “o grande mestre de Genebra.” Collected Papers of Herbert D. Foster, p. 116.
[28] Kingdon, Calvin and Calvinism, p. 37. Outros historiadores argumentam que o Puritanismo da Nova Inglaterra foi modelado após o Catecismo de Westminster e incorporado o tipo de pensamento calvinista comum em toda a Nova Inglaterra naquele período.” Veja Peter De Jong, The Covenant Idea in New England Theology, 1620-1847 (Grand Rapids: Eerdmans, 1945), p. 85. Foster, Collected Papers, p. 79, lista os numerosos Americanos que por si mesmos copiaram as Institutas de Calvino. Patricia Bonomi também firmemente estabeleceu que a maioria dos americanos do século XVII seguia “alguma forma de calvinismo puritano e, que em si foi dividido em numerosos grupos.” Veja Patricia U. Bonomi, Under the Cope of Heaven: Religion, Society, and Politics in Colonial America (New York: Oxford University Press, 1986), p. 14.
[29] David Hume, The History of England (Philadelphia: Lewis and Baker, 1810), vol. 5, p. 469 citado em George Buchanan, De Jure Regni Apud Scotos, traduzido por Charles Flinn Arrowood, p. 17. Disponível em www.contra-mundum.org/books/jure/jure-introduction.pdf.
[30] Foster, Collected Papers, pp. 163-174. Resumi os cinco pontos o pensamento político calvinista de um modo ligeiramente diferente, referindo-se a: a Depravação como uma contínua raiz humana instável a ser contida; uma Responsabilidade para a liderança provida via um collegium; o Republicanismo como uma forma preferida de governo; o Constitucionalismo necessário para restringir tanto os governantes como os governados; e um Limitado governo, iniciando com a família como o elemento fundacional. Resultando no dispositivo mnemônico DRRCL, que não é tão conveniente como TULIP, mas apresenta um apto sumário se colocado no contexto dos escritos políticos os discípulos de Calvino.
[31] Ibid., p. 174. Além de Calvino esta ideia também foi reiterada por Buchanan, Beza, Peter Martyr, Althusius, Hotman, Daneau, Vindiciae, Ponet, William o Silente e outros. Ibid.
[32] Antonin Scalia, “The Millennium That Was: How Democracy Swept the World”, The Wall Street Journal, 7 de Setembro de 1999, A24.
[33] Ibid.
[56] Douglas Kelly, The Emergence of Liberty in the Modern World (Phillipsburgh, NJ: P&R Publishing, 1992), pp. 4, 27.
[34] Ibid., p. 32.
[35] Algumas das obras citadas acima estão em minha dissertação, “The Calvinistic Political Tradition, 1530-1790: The Rise, Development, and Dissemination of Geneva Political Culture to the Founders of America throught Theological Exemplars” (Whitefield Theological Seminary, Abril de 2002).
[36] Num artigo recente colabora para facilidade de Jefferson com a religião. Veja “What Would Jefferson Do?” The Wall Street Journal, 9 de Março de 2001, D26. Em que o editorial possuí uma descoberta por Kevin Hasson: “os autores não compartilhavam da suspeita de que a religião era uma espécie de alergênico no corpo político. Citam o contrário, eles deram boa recepção pública à expressão de fé como uma parte normal da vida cultural.” Também se observa que nos dias de Jefferson a Casa do Tesouro foi usada para reunião presbiteriana, cultos episcopais eram mantidos no Escritório da Guerra, bem como havia pregações na Biblioteca do Congresso, “o Evangelho também era pregado nas câmaras da Suprema Corte.” O que a América faz hoje, não reconhece a sua própria história é uma reflexão de um longo revisionismo que retrata as igrejas, sinagogas e mosteiros que cruzam o país não como baluartes da liberdade, mas como incipientes ameaças para o estilo de vida americano. O editorial conclui sugerindo que se os futuros juízes da Suprema Corte forem hostis à livre expressão da religião, “eles terão que sê-lo sem Jefferson.”
[37] David W. Hall continua a segunda parte do livro sob o título “John Calvin: A Life Worth Knowing”, dedicado a este breve esboço da vida de Calvino.
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