Pular para o conteúdo principal

Destaques

CRUZ DE CRISTO: MÃO E PODER DE DEUS QUE SOCORREM

“ E da mesma maneira também os príncipes dos  sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus,  escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não  pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e  creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;  porque disse:  Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram  também e m rosto os salteadores que com ele estavam  crucificados.”  — Mt. 27.41-44 Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto, é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum pr...

✢ O CONHECIMENTO DE DEUS NOS ENCAMINHA AO DE NÓS MESMOS ┌ I.I.2

João Calvino *
É evidente, por outro lado, que o ser humano nunca alcançara o completo conhecimento de si mesmo sem que tenha, anteriormente, contemplado a face de Deus. E, dessa visão dele, se incline para examinar a si próprio. Portanto, como o orgulho é de nascimento comum a todos, sempre parecemos a nós mesmos como justos, sinceros, inteligentes e santos. Isso se manterá, caso não sejamos convencidos de nossa injustiça, indignidade, ignorância e depravação através de provas inegáveis. Esse convencimento jamais ocorrerá, se considerarmos somente a nós mesmos e não também ao Senhor, que é o único padrão para se ter como base a essa noção. Porque na medida em que somos, sem exceção, por natureza inclinados à falsidade, consequentemente, mesmo uma insignificante aparência de justiça gera em nós contentamento tão realizador, que dispensa a verdadeira justiça. Como dentro de nós ou no que nos circunda não se enxerga algo que não esteja contaminado de densa impureza e considerando o quanto de tempo que se manteve nossa mente dentro do espaço da depravação humana, o que é apenas uma imoralidade amenizada, é recepcionada em nós como algo de pureza da maior qualidade. É semelhante ao que ocorre com um olho que é exposto apenas ao preto e não as demais cores. Se terá por branco em demasia, o que realmente é um cinza branqueado ou que foi preparado para ter uma tonalidade fosca.

Além disso, através dos próprios sentidos do corpo podemos perceber com mais proximidade o quanto nos enganamos ao analisar as habilidades da alma. Ora, sendo pleno dia, ao baixarmos o olhar ao solo ou ao dirigi-lo em direção das coisas que se expõe a nossa observação, temos a impressão de possuir uma visão de plena clareza e de longo alcance. Ao, porém, direcionarmos os olhos ao sol e os fixarmos nele diretamente, aquela habilidosa visão que se mostrava em pronta competência sobre a terra, anula-se e se confunde com o intenso brilho. Daí decorre a obrigação de reconhecer que a nossa habilidade para observar as coisas terrenas é apenas simples ofuscação na medida em que nos voltarmos para o sol.

Semelhantemente ocorre quando valorizamos nossos recursos espirituais. Dado ao muito tempo que não dirigimos nosso olhar para além da terra, a nós mesmos com ilusões nos adulamos, estimulando completo contentamento com nossa própria justiça, sabedoria e bondade. Nisso, fantasiamo-nos apenas um pouco inferior a semideuses. Entretanto, caso ocorra de somente uma vez chegarmos a colocar o pensamento em Deus e a considerar quem ele é e como é plena a perfeição de sua justiça, sabedoria e poder, sendo necessário que nos conformemos nesse padrão, o que antes em nós vibrava motivado pela ilusória aparente justiça, logo se reputará como total maldade. Ao que comumente prevalecia através do título de sabedoria, será conhecida como extrema ignorância. Aquilo que se mascarava de poder, será denunciado como algo de fraqueza altamente lamentável.

Disso, pelo se observa, encontra-se distante um acordo da divina pureza com o que em nós se fantasia como de total perfeição.

__________________

* CALVINO, João. e-Institutas21: livro I, capítulo I.2. Edição digital. Blog Calvino21, 2021. Organização e tradução de J. A. Lucas Guimarães, conforme edição latina e francesa de 1559 da Institutas da Religião Cristã.

Capítulo I.I.1 e-Institutas | Capítulo I.I.3

Comentários

Postagens mais visitadas