O Calvino21 intenta publicar homenagens dos centenários do nascimento de João Calvino (1509-1564) para tornar público o reconhecimento permanente ao legado calviniano à vivência da verdadeira religião e da piedade, desde as gerações do 1º Centenário no século XVII ao 5º Centenário no atual século XXI. Uma dessas expressões comemorativas foi publicada no informativo editado pelo Publication Board of the Reformed Church in the United States [Conselho de Publicações da Igreja Reformada nos Estados Unidos], na Filadélfia (Pensilvânia, EUA): o Almanac for the Reformed Church in the United States –1909 [Almanaque da Igreja Reformada nos Estados Unidos]. No informático da citada organização religiosa, faz saber que, sob decisão do General Synod of Reformed Church in U. S. [Sínodo Geral da Igreja Reformada nos Estados Unidos], organizado em 1863, sob lema "Love, Holy Bible, Immanuel" [Amor, Bíblia Sagrada, Emanuel], foi instituído o Dia de Memória a Calvino, em comemoração aos 400 anos de seu nascimento.
Capa: Almanac for the Reformed Church in the United States –1909.
O informativo poderia ser considerado como publicado sob edição especial: com página contendo três retratos do Calvino, dispostos na vertical, que introduz o ensaio sobre a idealização do Dia de Memória ao mencionado reformador e a apresentação do homenageado, que seguem ilustradas com fotos, semelhante a verbete de enciclopédia, reproduzidas do volume dedicado a Calvino da série “Heroes of the Reformation” [Heróis da Reforma], do Prof. Williston Walker, sob permissão.
Almanaque: homenagem ao 4º centenário de Calvino.
Por fim, considerando a importância do citado documento histórico, vinculado às comemorações dos 400 anos do nascimento do Reformador, o Calvino21 disponibiliza a tradução de seu texto original, em busca de fazê-lo testemunha, no século XXI, do legado calviniano, a seguir:
O MEMORIAL A CALVINO. Em 10 de julho de 1909, quatrocentos anos atrás, João Calvino viu pela primeira vez a luz do dia. Nossa Igreja, juntamente com os demais membros da família Reformada, prestará, durante o ano, uma honrosa homenagem àquele que, de muitas maneiras, direta e indiretamente, a influenciou para o bem. Pois, embora não chamemos ninguém de mestre e não tenhamos o nome de ninguém em devoção, honramos Calvino por sua grande e boa obra, e lembramos que Ursinus e Olevianus, os autores do Catecismo de Heidelberg, foram ensinados por ele. Calvino foi o grande erudito, o exegeta e o teólogo sistemático do protestantismo. Ele era um amigo da religião educacional; o autor de uma forma de culto público eclesiástico e, ainda assim, belo em sua simplicidade; um defensor da disciplina e da ordem na igreja; e um campeão da retidão cívica no Estado. Por meio de sua poderosa personalidade, ele imprimiu seus elevados ideais na igreja e no Estado de sua época. Sua influência é sentida até hoje, não apenas na igreja reformada da Europa e da América, mas também nos estados livres de ambos os hemisférios. Suas imperfeições se deviam, em grande medida, as enfermidades físicas e ao espírito da época. Seus grandes serviços são dignos de serem imitados por nós. Foi muito apropriado, portanto, que o Sínodo Geral, em sessão em York em maio de 1908, recomendasse que o domingo, 12 de julho de 1909, ou algum outro domingo adequado, fosse reservado como Dia de Memória a Calvino.
Layout de página do Almanaque com ensaio sobre Calvino.
João Calvino nasceu em 10 de julho de 1509, em Noyon, França, de boa família, francês por parte de pai e alemão por parte de mãe. Ele foi educado nas Universidades de Paris, Bourges e Orleans, onde dominou o Direito e as línguas clássicas. Após uma grande luta espiritual, tornou-se um campeão das ideias da Reforma e seu maior teólogo.
Aos 25 anos, publicou as “Institutas”, então um pequeno volume, que, depois de passar por muitas revisões e ampliações, tornou-se um grande documento histórico. Seu prefácio era uma defesa do protestantismo e, na forma, uma carta digna e respeitosa ao rei da França. Ele se tornou um exilado por causa da fé. No entanto, em Genebra, encontrou sua obra divinamente escolhida. Mas isso é uma parte da história, que deve ser reestudada novamente este ano pelos ministros e membros da Igreja Reformada. Um volume útil, que faz justiça à memória de Calvino, sem cair no erro do elogio partidário, é o encontrado na série conhecida como “Heróis da Reforma”, do Prof. Williston Walker. Dele foram retiradas as imagens desta página e das páginas adjacentes.
♥┌ Leia também: Capa500: Calvino na Revista da Reformierter Bund
A OBRA CULMINANTE DE CALVINO. João Calvino, como os outros reformadores, tinha uma amplitude de visão estadista. Ele acreditava no ensino puro e na disciplina rigorosa, mas nem um pouco menos na educação religiosa. Sua obra culminante em Genebra foi a fundação da Academia, da qual saíram, em grande número, jovens que levaram suas ideias sobre a vida cristã e da comunidade cristã por toda a Europa. Agora, como dantes, o colégio e o seminário devem receber nosso apoio leal e entusiasmado. Agora, como outrora, a necessidade suprema da Igreja é de mais homens para o ministério.
Layout de páginas do Almanaque com ensaio sobre Calvino.
Dada à leitura, que se diga, do testemunho centenário da Igreja Reformada americana sobre as motivações de sua honrosa homenagem a João Calvino, aos 400 anos de seu nascimento (1509-1909), toda audição é devida e toda boa consciência necessária, quanto ao seu reconhecimento que, mesmo sob ausência de devoção a qualquer pessoa humana, a honra tributada ao reformador faz-se imperativo, porque “de muitas maneiras, direta e indiretamente, a influenciou para o bem” e “por sua grande e boa obra.”
Será um feito plenamente cristão, se o protestantismo reformado brasileiro alcançar tão boa consciência!
Autoria ┌ J. A. Lucas Guimarães
Muito interessante. Parabéns pelas pesquisas e pela divulgação.
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