“Todos os erros que têm surgido na Igreja Cristã,
desde seus primórdios, emanam dessa fonte: a cobiça e o egoísmo às vezes têm
extinguido o genuíno temor a Deus.” – João Calvino, Comentário às
Cartas Pastorais.
Já afirmava o escritor bíblico
que o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria (Pv. 9.10). É andando por esse
caminho da inspiração bíblica que é possível afirmar que onde o temor ao Senhor
não é presente, ai também não apenas falta a sabedoria, mas nem houve o seu
princípio.
Não se pode imaginar que o temor
ao Senhor seja impossível de se aplicar ao coração humano. Ele faz parte de
nossa constituição e se encontra impregnado em nosso ser, pois somos criados
com essa impressão – o sentimento que existe algo acima de nós. O estado de
maior contemplação e vivência da espiritualidade encontra-se na plenificação do
temor ao Senhor em nós. Ele ajusta nosso ser e nos coloca no devido lugar.
Quando o coração humano – enganoso que é – se eleva acima do que é e imagina
que ele é que deve ser temido, o vazio se aprofunda, a maldade se avoluma e a
desumanidade começa a assolar a nossa existência.
Calvino remete-nos ao
conhecimento do caminho dos erros na história da Igreja. Para ele, existe uma
fonte certa de onde procede todo engano e faz com que as pessoas abandonem a
verdade e sigam a loucura desse engano. Existe uma fonte que jorra produzindo o
mal na história da Igreja. Enquanto o rio de águas vivas que correm do trono de
Deus e renova a Igreja em sua busca por tornar Deus adorado e Jesus crido, essa
fonte produz um rio de meias verdades, fábulas que caduca e ênfases que traem e
ferem a verdade de Deus. Quem é plantado junto a esse rio, apenas prospera para
o engano de seu coração e faz de seus desejos seu deus.
A fonte que João Calvino denuncia
é da cobiça e do egoísmo. É fonte que produz duas perversidades. Não se pode
dizer qual vem primeiro e qual delas gera a outra, pois onde uma salta a outra
aparece em sua sombra.
As pessoas cobiçam coisas e
invejam pessoas. A Igreja tem sofrido enormemente com o engano da cobiça.
Quando alguém cobiça, ele estar usurpado uma condição que não é dele. A cobiça
é fogo que consume o amor, fere o bom-senso e desqualifica a comunhão. Pela
cobiça, as pessoas torna a verdade em mentira e impõe o erro na Igreja para satisfazer
sua sede. Não é por acaso que entre os mandamentos do Senhor, a proibição à
cobiça encontra-se presente. Infeliz é a liderança forjada pela cobiça. Ai da
igreja!
Quanto ao egoísmo, o erro tem
livre acesso à Igreja por ele devido a não crucificação da carne. Pessoas sem
piedade são altamente egoístas. Em nome do “eu” e para exaltar o “eu” é
possível alguém aviltar a obra do Senhor. Quando o “eu” triunfa, a divisão é
tirana e o partidarismo é cruel. Infeliz é a liderança forjada pelo egoísmo. Ai
da igreja!
A porta do erro à igreja é a cobiça e o egoísmo.
Todavia, essa fonte do mal produz a pior das misérias que somente por ela é
possível abrir a porta do erro à igreja: a extinção do temor ao Senhor. Onde
impera a cobiça e o egoísmo, o temor ao Senhor é extinto. Onde reina o temor do
Senhor, a cobiça e o egoísmo é crucificado, Cristo é exaltado e a igreja
edificada!
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