“Seja qual for a maneira em
que Deus se agrada em socorrer-nos, ele não exige nada mais de nós senão que
sejamos agradecidos pelo socorro e o guardemos na memória.” – João
Calvino, O Livro dos Salmos.
Deus socorre aos seus crentes. Os
meios para estabelecer seu socorro são diversos. Ele até faz com que todas as
coisas cooperem para o bem dos que o amam. O relacionamento de Deus com os seus
crentes é através de sua graça. A graça de Deus se revela ao oferecer favor sem
pedir algo em troca ou levar em conta o mérito humano. O maior erro que o
crente pode cometer, no que diz respeito ao seu relacionamento com Deus, é
considerar que a ajuda de Deus se dá numa relação de troca. Nada mais fere a
disposição amorosa de Deus do que esse pensamento. Um pedido realizado com esse
sentimento é ofensa a Deus e seu amor!
É incalculável a diversidade de
meios e maneira de Deus socorrer o crente. Em todas elas, somente é possível
porque Deus se agrada em fazê-las. Não tem como forçar a Deus se agradar do que
não o agrada. Deus se agrada em socorrer os seus e usa de diversos modos e
meios. É do agrado de Deus socorrer os seus!
O que Deus exige do crente quando
o favorece através do pronto socorro? Como a ação de socorro ao crente é
conforme o seu agrado, logo é conforme a sua graça. Deus não socorre o crente
para ter, depois, motivo de lhe impor algo que não teria como fazer sem o seu
socorro. Quando Deus nos ajuda em nossas privações, como nos indica João
Calvino, ele apenas exige que:
1. Sejamos agradecidos pelo socorro – A gratidão é uma atitude que
nasce de um coração que reconhece o favor de outro. Ela é ação imediata que
envolve emoções e consciência. Na gratidão, o orgulho é ferido de morte;
2. Guardemos na memória o socorro – Uma das consequências imediata da
gratidão é que ela induz à boa memória. A pessoa causadora da ajuda será sempre
bem lembrada. Os feitos de Deus não devem ser esquecidos e nem sua ação de
socorro para conosco. Quando mantemos na memória o feito do socorro divino para
conosco, somos levados à confiança constante, pois será lembrado de como Deus
age, como ele favorece e socorre. A gratidão conduz à memória. E a memória
conduz à gratidão. É próprio da ingratidão o esquecimento!
Veja que a exigência de Deus se
limita apenas a gratidão e a memória quanto ao socorro recebido. É possível que
se queira demonstrar de várias maneiras a gratidão pelo socorro, mas jamais
devemos substituir a gratidão por práticas religiosas não nascidas e vinculadas
a gratidão. Também não devemos impor a nós um fardo que o Senhor não colocou
diante de seu socorro bem presente nas horas de nossas tribulações. Deus não
exige nada mais! Não exija também de si e nem dos outros.
Para terminar, é necessário
enfatizar que Deus exige e não, em si, espera. Estamos diante de um mandamento
de Deus e não diante de uma necessidade divina. Para o cristão, é um imperativo
ser grato a Deus e lembrado de seus feitos de socorro. Contudo, essa não é uma
condição para se receber o socorro de Deus. Ele não socorre porque agradecemos,
mas porque é do seu agrado assim agir. É pura bondade divina!
Sem gratidão e devida memória, os
feitos de socorro de Deus em nossa vida cumprirá a vontade de Deus, mas deixará
de ser fonte de alegria, consolo e renovação. Agradeça a Deus seus favores e não se esqueça de
nenhum dos seus benefícios!
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