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✢ A ORAÇÃO MUDA A VONTADE DE DEUS?
Thiago da Silva Vieira *
Qual o propósito da oração?
As Escrituras Sagradas revelam que Deus decretou o seu plano antes da fundação do mundo (Ef 1.4, 11). Sendo assim, tudo o que acontece na história foi determinado por ele. Sua vontade divina é imutável, irresistível e acontecerá exatamente tudo o que ele quer: "O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará (Is. 14.24). Todas as coisas que acontecem em nossas vidas particulares, sejam boas ou ruins, foram planejadas por Deus: "Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles." (Sl. 139.16). Por isso, sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, segundo o seu propósito determinado em nos fazer semelhantes a Cristo (Rm. 8.28-29).
Se Deus cumprirá toda a sua vontade e nada do que fizermos mudará o que determinou, então para que orar pedindo que ele atenda as nossas petições?
Exemplo: Uma pessoa está gravemente doente, então por que devemos orar pela cura dessa pessoa, se as minhas orações não podem mudar a vontade de Deus? Minhas orações mudaria o destino dessa pessoa?
Deus decretou todas as coisas. Isso é verdade! Mas ele decretou tanto os fins quanto os meios, como também controla os resultados e os meios para chegar a esses resultados. Sendo assim, devemos orar, porque Deus pode ter decretado a cura dessa pessoa por meio das nossas orações.
As nossas orações tem um grande valor e eficácia (Tg. 5.16). Elas não mudam a vontade soberana de Deus, mas são meios pelos quais ele decidiu que realizaria a sua vontade imutável. O reformador João Calvino escreveu que:
"A oração é o exercício primordial e perpétuo da fé e o principal elemento da piedade. A oração mostra a graça de Deus ao pecador, mesmo quando o crente oferece louvores a Deus e clama por sua fidelidade. A oração demonstra e corrobora a piedade, tanto pessoal como comparativamente."
Calvino dedicou à oração o segundo mais extenso capítulo das Institutas (III.20). De acordo com ele, há seis propósitos para a oração:
1. Buscar a Deus em favor de cada necessidade;
2. Apresentar-lhe todas as nossas petições;
3. Preparar-nos para receber os benefícios de Deus com gratidão humilde;
4. Meditar sobre a bondade divina;
5. Inspirar o espírito correto de deleite por causa da resposta de Deus à oração;
6. E confirmar a providência divina.
Calvino entendia que quando o crente se submete à vontade de Deus na oração, não renuncia a sua própria vontade, mas que a vontade do ser humano, sob a orientação do Espírito, e a vontade de Deus operam juntas em comunhão. Para ele, a oração não deve ser entendida como supérflua e sem valor à luz da soberania, onipotência e onisciência de Deus, pois ele ordenou a oração tendo em vista não a si mesmo, mas ao ser humano, para que este se exercitasse na piedade.
A providência divina deve ser entendida no sentido de que Deus ordenou os meios juntamente com os fins. A oração é um meio para obter o que Deus planejou outorgar. A oração é uma maneira pela qual o crente busca e recebe o que Deus determinou fazer por ele, desde a eternidade.
Portanto, ore!
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* Disponível em: https://medium.com/@Thiagodasilvavieira/jo%C3%A3o-calvino-e-a-ora%C3%A7%C3%A3o-75079b8d3c20.- Gerar link
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