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✢ ORDEM DA ESCRITURA E VIDA CRISTÃ
João Calvino *
Como filósofos têm certas definições de retidão e honestidade, das quais derivam deveres particulares e toda adequação das virtudes, também, a esse respeito, a Escritura não é destituída de ordem. Ela, porém, apresenta uma mais bela organização, que, por certo, é em todos os sentidos muito mais correta do que a dos filósofos. Contudo, a diferença é que eles, sob a condução da ambição, ludibriavam da forma mais apelativa possível para dar primor à ordem e disposição, que usavam de exibição à sua genialidade. O Espírito de Deus, ao contrário, ensinando sem simulação ou pompa, não é de tal modo perpétuo observador de método estrito. No entanto, visto que às vezes tem usado, isso significa que não devemos desprezá-lo.
A ordem da Escritura, da qual falamos, visa principalmente a dois objetivos:
— Primeiro, é que o amor à justiça, ao qual não estamos naturalmente inclinados, seja injetado e implantado em nossas mentes.— E, por fim, é para nos apresentar a regra que nos impedirá de nos desviarmos do caminho, quanto na busca da justiça.
A Escritura possui vários e muitos admiráveis motivos para recomendar o amor à retidão. Muitos já foram destacados em diferentes partes desta obra. Contudo, faremos aqui, também, uma breve advertência sobre alguns deles. Assim, com que melhor recomendação podemos começar do que nos lembrar que devemos ser santos, porque “Deus é santo?” (Lv. 19.1; 1Pe. 1.16). Porque quando estávamos espalhados como ovelhas perdidas e vagando pelo labirinto deste mundo, ele nos trouxe de volta ao seu próprio aprisco. Quando é feita menção à nossa união com Deus, lembramos que a santidade deve ser o vínculo. Não que pelo mérito da santidade entramos em comunhão com ele. Devemos, antes, apegar-nos a ele, a fim de que, impregnados de sua santidade, possamos segui-lo para onde formos chamados. Porque, por certo, é extremamente essencial à sua glória não ter qualquer comunhão com maldade e impureza. Portanto, a Escritura nos afirma que esta é a finalidade de nosso chamado. Esse é o fim que devemos sempre respeitar, se quisermos atender ao chamado de Deus. Ora, com que finalidade fomos resgatados da iniquidade e sujidade do mundo, em que estávamos mergulhados, se nos permitirmos, durante toda a nossa vida, chafurdar nelas?
Além disso, somos ao mesmo tempo advertidos de que se quisermos ser considerados o povo do Senhor, devemos habitar na cidade sagrada de Jerusalém (Is. 24.3). Pois bem, como ele a consagrou para si mesmo, é proibido aos seus habitantes profaná-la por impureza. Daí, as expressões: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (Sl. 15.1-2; 24.3-4). Porque o santuário em que ele habita, certamente não deve ser como uma cocheira suja.
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* CALVIN, John. On the Christian Life. Translated by Henry Beveridge. Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, 1845. Disponível em: http://www.ccel.org/ccel/calvin/chr_life.html.
Tradução: Calvino21 | Lucas Guimarães
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