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Destaques

LANÇAMENTO: LIVRO "JOÃO CALVINO: QUEM DIZEM QUE SOU?"

J. A. Lucas Guimarães ┐ ♥ ┌ Sob empréstimo da pergunta de Jesus aos discípulos foi publicada a décima obra da Coleção Calvino21,  intitulada: JOÃO CALVINO: “QUEM DIZEM QUE SOU?”   Esboços de retratos calvinianos O rganizada pelo historiador e teólogo J. A. Lucas Guimarães, encontra-se a convicção de que a relação de seu contexto original com as identificações à pessoa de João Calvino desde sua morte, não é mera coincidência. Se lhe fosse oportuno um lance de existência atual, é possível que ele fizesse semelhante indagação, apesar de seu desinteresse por ela em sua existência. Desse modo, tem início o empenho de disponibilizar a verdade histórica da identidade e identificação de João Calvino: advogado, um dos principais líder da Reforma Protestante do século XVI, pastor na cidade de Genebra e escritor cristão, com vasta literatura legada à posteridade, com a íntegra apresentação do Evangelho de Cristo pela fiel exposição bíblica. Porque já se distanciam os limites dos 500 ano...

CALVINO E A PRIMEIRA REDE SOCIAL DA MODERNIDADE

 
J. A. Lucas Guimarães

As redes sociais tornou-se a grande novidade e alvo de atração que as possibilidades da novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) proporcionou à sociedade moderna a partir do início da década de 90 do século XX. Primeiro, com a disponibilidade de acesso ao uso de aparelho de comunicação de frequência digital, popularizado pelo nome de celular, e da  tecnologia de banda larga ao acesso à informática. A sensação da possibilidade de envio e recepção de mensagens instantâneas pelo celular, primeira onda de eufórica adesão, foi berço à participação daquilo que exigia um perfil da pessoa ao acesso e que se tornou, marcantemente, influenciadora dos perfis dos indivíduos da sociedade, a partir da publicação de sua criação, refiro-me ao óbvio: a rede social – de formação de perfil, construção de agenda pessoal em linha temporal e compartilhamento instantâneo de interação e informação de forma virtual, mas sob aspecto da realidade e exposição do real.

O período histórico da Era Moderna tem sido dado como iniciado com a tomada da capital do Império Bizantino pelo turcos otomanos, em 1453 d. C. Quanto ao processo de modernidade, não é possível uma datação fixa, pois ele ocorre com o último período da Era Medieval, conhecido como Baixa Idade Média (Séc. XI-XV), e se estende até a presente Era Contemporânea. Talvez seja por isso, que apesar da Era Moderna ter seu fim com a Revolução Francesa (1789), ainda conceituamos a atualidade de algo, apropriado e propriamente, como moderno e não como contemporâneo. Nesse contexto, o uso dos instrumentais da Historia Social, que segundo os historiadores Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas, no livro Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia (1997), é a busca de “formular problemas históricos específicos quanto ao comportamento e às relações entre os diversos grupos sociais”, remete à perspectiva do estudo do cotidiano.

Portanto, considerado o empreendimento de pesquisa sob a perspectiva em menção, tendo à disposição a conservação de um legado histórico através de mais de quatro mil cartas de João Calvino, jurista, teólogo, reformador e pastor protestante em Genebra, importa a verificação do que se reveste essa constatação histórica com o cotidiano do escritor, o que revela de seu comportamento e qual o alcance de suas relações na dinâmica do status quo social do século XVI.

Já se encontra publicado no livro Calvino, Ciência e fake news, de J. A. Lucas Guimarães, historiador, pastor presbiteriano e organizador do Blog Calvino21, pesquisa empreendida sobre a divulgação em literatura científica, no final do século XIX, contendo falsa referência autoral em nome de João Calvino. O que chama atenção é a similaridade do ocorrido com a atual fake news. Com intenção de torná-lo caricaturado como ferrenho opositor da ciência moderna, foi publicada em obra uma citação como de autoria calviniana, que adentrou o século XX sendo repassada ao público através de literatura científica de renomados cientistas sem que ocorresse necessidade de verificação na obra original disponível de Calvino, condição primeira na pesquisa bibliográfica científica, da veracidade da referência. A falsa declaração de Calvino era ideal para não lhe poupar ataque, mas pouparam a curiosidade científica da pesquisa a fonte original, sem a qual não existe cientificidade.

Outra similaridade calviniana com a sociedade atual, ocorre no uso de rede social. Sob uma plataforma digital ou aplicativo, atualmente, as pessoas se reúnem para formação de grupos, bem como a manutenção e ampliação deles e dos contatos fora deles. Ainda não fazia um século do início da Idade Moderna (1453-1789), porém, constatamos através de mais de 4000 mil correspondências de João Calvino, que foram preservadas até o presente, que João Calvino criou uma rede social, a qual mantinha sob permanente participação por correspondências, com características semelhantes as atuais: era prioritariamente voltada à sociabilidade, ocorria adeção e exclusão de participantes, tinha integrantes de ambos os sexos e os participantes padeciam de imediatismo, como se vê em reclamação ou justificativas pela demora da correspondência.

Se alguém imagina que João Calvino, apesar de seu gosto pela recrusão e solitude, vivia confinado esperando a hora de sair como justiceiro amargurado e iracundo, que pena não ser possível convidá-lo à rede social do reformador. Mas é possível endereçar à leitura de suas cartas, onde a docilidade da cordialidade, a inigualável experiência do cuidado amigo e irmão e a beleza do terno contato à saúde da comunhão com o outro, caso ele vivesse em reclusão deveria ser para saída de seu amoroso coração ao encontro da multidão de amigos, irmãos e conhecidos ao seu sentimento de se importar com eles e devotar atenção com expressão do amá-los.

O historiador é persistente na busca por vestígios da verdade histórica. A pesquisa continua. No entanto, consta no momento o que é preciso para afirmar que o primeiro da modernidade a utilizar o modelo de rede social para formação de um grupo de contato permanente foi João Calvino, o reformador protestante com pastorado em Genebra.

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   Autoria   J. A. Lucas Guimarães é organizador do Calvino21, historiador, pastor presbiteriano, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM/SP) e escritor, com várias obras publicadas sobre o reformador francês, dentre elas o livro Calvino, Ciência e fake news.

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