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JORNAL NOTICIA MONUMENTO A CENTENÁRIO DE CALVINO

No início do século XX, se no Brasil ocorria desconhecimento sobre o reformador protestante francês João Calvino, que exerceu pastorado na cidade de Genebra, certamente não aos leitores do Jornal do Brasil, com circulação na cidade do Rio de Janeiro. Um personagem histórico e líder religioso, cujo nome figurava constantemente em artigos de empates religiosos, não pode imaginar em estado de constante desmemorização coletiva dos leitores.
O protestantismo teve inauguração no Brasil no início da segunda metade do século XIX. Ele adentra o último século do segundo milênio com sua inserção e expansão representada por uma denominação de vertente calvinista oriunda do presbiterianismo norte-americano: a Igreja Cristã Presbiteriana do Brasil (hoje, Igreja Presbiteriana do Brasil – IPB). Na época, a se somar à Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), federação de igrejas que se desligou da IPB em 1903, a expansão do presbiterianismo brasileiro ocorria em nível fenomenal. Isso colocava o nome de João Calvino no centro das intensas manobras de freio ao possível futuro avanço protestante. Portanto, não apenas focavam os ataques contra a religião protestantismo como concorrente do catolicismo, o que já se faziam maculando a imagem de seu fundador, o reformador alemão Doutor Martinho Lutero, mas o desferindo, sob duplo foco, ao protestantismo presbiteriano, historicamente de vertente calvinista. Portanto, faziam-se necessário estereotipar o fundador do Calvinismo. Isso é possível verificar no constante vinculo que começa figurar o nome de Calvino em artigos autorais contrário a Lutero ou seguido, imediatamente, como exigência pétrea, de publicação sobre ele.
Como figura constatada como de curiosa atratividade aos leitores, também é garantido a João Calvino nas edições do Jornal do Brasil publicidade nas colunas de datas memoráveis e de notícias do exterior. Em uma dessas publicações, oriundo de especial serviço telegráfico em Genebra, noticia o futuro empreendimento em homenagem ao centenário do reformador, a seguir em transcrição:
Nesse caso, convém observar que o noticiado sobre Calvino no Jornal do Brasil insere-se na diplomacia da impressa e respaldo internacional genebrinos, como esforço de tornar público ao mundo, que esse empreendimento projetado tem o reconhecimento suíço à cidade de Genebra, pastoreada no século XVI, em sua recente adesão ao protestantismo, por João Calvino, como a capital internacional do Protestantismo e de seu pastor como figura central do monumento e respaldo à sua nomeação.

Se a Suíça era considerada na época como o país da economia bancária mundial, sem falar dos seus famosos relógios e de sua inegável representação na economia mundial, a capital da Igreja Católica Romana e seu representante encontravam-se com o surgimento de uma similar concorrente.
O poder da imprensa genebrina, oriundo da política, economia e turismo próprios e da nação Suíça, parecia enviar recado à imprensa brasileira. Não era condizente com a diplomacia, seja em nível de imprensa ou de governo, questionar um reconhecido vulto histórico de um país, sem devidas consequências nas relações em níveis correspondentes. O Brasil engatado na pobreza e no analfabetismo persistia no envolvimento de sua imprensa em estereotipar um dos principais marcos da história do progresso de Genebra e da Suíça. Seria porque estava convencida de que era falácia o reconhecimento suíço da contribuição de João Calvino ao moderno progresso da nação? Ou caduquice alienante de cultura religiosa de uma elite arraigada ao poder local?
Infelizmente, o Brasil não tinha cultura em leitura de recado. E nem tinha cultura em leitura alguma! Caso haja curiosidade do motivo dessa conclusão, que o leitor continue a leitura no Jornal do Brasil.
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