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Destaques

LANÇAMENTO: LIVRO "JOÃO CALVINO: QUEM DIZEM QUE SOU?"

Sob empréstimo da pergunta de Jesus aos discípulos, foi publicada a décima obra da Coleção Calvino21 , organizada pelo historiador e teólogo J. A. Lucas Guimarães, sob o título: JOÃO CALVINO: “QUEM DIZEM QUE SOU?”   ▪  Esboços de retratos calvinianos  ▪ Nela temos a convicção de que a relação de seu contexto original com as identificações à pessoa de João Calvino desde sua morte, não é mera coincidência. Se lhe fosse oportuno um lance de existência atual, é possível que ele fizesse semelhante indagação, apesar de seu desinteresse por ela em sua existência. Desse modo, tem início o empenho de disponibilizar a verdade histórica da identidade e identificação de João Calvino: advogado, um dos principais líder da Reforma Protestante do século XVI, pastor na cidade de Genebra e escritor cristão, com vasta literatura legada à posteridade, com a íntegra apresentação do Evangelho de Cristo pela fiel exposição bíblica. Porque já se distanciam os limites dos 500 anos de seu na...

COMENTÁRIO DE CALVINO AO EVANGELHO DE MATEUS 1.23

 
EMANUEL: DEUS EM CRISTO CONOSCO

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e eles o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco (Mt. 1.23).

 

   Seu nome Emanuel   A frase “Deus é conosco”, sem dúvida, é frequentemente empregada nas Escrituras para denotar que ele se faz presente conosco através de seu auxílio e graça, e demonstra o poder de sua mão em nossa defesa. Mas aqui somos instruídos quanto à maneira pela qual Deus se comunica com o ser humano. Porque fora de Cristo, somos alienados dele; mas por meio de Cristo, não somos apenas recebidos em seu favor, mas somos feitos um com ele. Quando Paulo diz que os judeus sob a lei estavam perto de Deus (Ef. 2.17) e que uma inimizade mortal (Ef. 2.15) subsistia entre ele e os gentios, queria apenas ensinar que, por sombras e figuras, Deus então deu ao povo que havia adotado os sinais de sua presença. Essa promessa ainda estava em vigor: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti...” (Dt. 7.21) e “Este é para sempre o lugar do meu descanso...” (Sl. 132.14). Enquanto, porém, a relação familiar entre Deus e o povo dependia de um Mediador, o que ainda não havia se cumprido plenamente foi obscurecido por símbolos. Seu trono e morada encontram-se “acima dos querubins” (Sl. 80.1). Daí, porque a arca era a figura e penhor visíveis de sua glória.

Em Cristo, porém, a presença real de Deus com seu povo e não, como antes, a sombra de sua presença, tem sido exibida. Esta é a razão pela qual Paulo diz que “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2.9). E, certamente, ele não seria um Mediador devidamente qualificado se não unisse ambas as naturezas em sua pessoa e, assim, conduzisse o ser humano a uma aliança com Deus. Nem há qualquer força na objeção, sobre a qual os judeus fazem muito barulho, de que o nome de Deus é frequentemente aplicado àqueles memoriais, pelos quais ele testificou que estava presente com os fiéis.

Quanto a isso, não se pode negar que esse nome Emanuel, contém um contraste implícito entre a presença de Deus como exibição em Cristo, com todo outro tipo de presença que foi manifestada ao povo antigo antes de sua vinda. Se a razão deste nome começou a ser realmente verdadeira, quando Cristo apareceu na carne, segue-se que não foi completamente, mas apenas em parte, que Deus estava anteriormente unido aos Pais.

Disso, surge outra prova de que Cristo é Deus manifestado na carne (1Tm. 3.16). Ele desempenhou, de fato, o ofício de Mediador desde o início do mundo. No entanto, como isso dependia totalmente da última revelação, ele é justamente chamado de Emanuel, naquela época, quando vestido, por assim dizer, com um novo atributo e aparece em público como um Sacerdote: para expiar os pecados do ser humano pelo sacrifício de seu corpo, para o reconciliar com o Pai pelo preço de seu sangue e, em suma, para cumprir cada parte da salvação do ser humano. A primeira coisa que devemos considerar neste nome é a majestade divina de Cristo, de modo a rendê-lo a reverência que é devida ao único e eterno Deus. Mas não devemos, ao mesmo tempo, esquecer o fruto que Deus pretendia que pedíssemos e recebêssemos deste nome. Porque sempre que contemplamos a mesma pessoa de Cristo como Deus-homem, devemos ter certeza de que, se estamos unidos a Cristo pela fé, temos Deus.

Nas palavras “eles chamarão”, há uma mudança no número. Mas isso não está em desacordo com o que eu já disse. É verdade que o profeta se dirige somente à virgem e, portanto, usa a segunda pessoa, “Tu chamarás”. Contudo, desde o momento em que este nome foi publicado, todos os piedosos têm o mesmo direito de fazer esta confissão: que Deus se nos deu para ser desfrutado em Cristo.

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   João Calvino  
John Calvin Commentary: Matthew 1.23. Disponível em: https://www.ccel.org/study/Matt_1.
Tradução: J. A. Lucas Guimarães

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