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✢ A UNIDADE NA OBRA DA REDENÇÃO
João Calvino
“...a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós...” – João 17.21.
Ele novamente estabelece que o propósito de nossa felicidade consiste na unidade. E, com razão, pois a ruína da raça humana consiste em tendo se alienada de Deus, ela também é fragmentada e dispersa por si mesma. Portanto, a restauração dela, pelo contrário, consiste em estar devidamente unida em um só corpo, como Paulo declara que a perfeição da Igreja consiste em crentes sendo unidos em um espírito. E ele diz que apóstolos, profetas, evangelistas e pastores foram dados para que pudessem edificar e restaurar o corpo de Cristo até que cheguem à unidade da fé. E, portanto, ele exorta os crentes a crescerem em Cristo, que é a Cabeça, a quem todo o corpo se uniu e conectado pelo auxílio das juntas, de acordo com a devida operação de todas as partes, faz com que ele aumente [Efésios 4.3, 11-16].
Portanto, sempre que Cristo fala sobre a unidade, lembremo-nos de que maneira humilhante e chocante, sendo separado dele, o mundo se dispersa. E, em seguida, aprendamos que o início de uma vida abençoada é que todos sejam governados e que todos vivamos somente pelo Espírito de Cristo.
Novamente, deve ser entendido que, em todos os casos em que Cristo declara, neste capítulo, que ele é um com o Pai, ele não fala simplesmente de sua essência Divina, mas que ele é chamado um no que diz respeito ao seu ofício de mediador e na medida em que ele é nosso Chefe. Muitos pais, sem dúvida, interpretaram essas palavras como significando, absolutamente, que Cristo é um com o Pai, porque ele é o Deus eterno.
Para compreender corretamente o que se pretendia dizer, que Cristo e o Pai são um, devemos tomar cuidado para não privar Cristo de seu ofício como Mediador, mas devemos antes vê-lo como ele é: o chefe da igreja e unido aos seus membros. Assim, a cadeia de pensamento será preservada, a fim de impedir que a unidade do Filho com o Pai seja infrutífera e ineficaz. O poder dessa unidade deve ser difundido por todo o corpo dos crentes. Portanto, também inferimos que somos um com o Filho de Deus, não porque ele transmite sua substância para nós, mas porque, pelo poder do seu Espírito, ele nos transmite sua vida e todas as bênçãos que ele recebeu do Pai.
João Calvino. Comentário ao Evangelho de João (17.21).
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