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Destaques

LANÇAMENTO: LIVRO "JOÃO CALVINO: QUEM DIZEM QUE SOU?"

Sob empréstimo da pergunta de Jesus aos discípulos, foi publicada a décima obra da Coleção Calvino21 , organizada pelo historiador e teólogo J. A. Lucas Guimarães, sob o título: JOÃO CALVINO: “QUEM DIZEM QUE SOU?”   ▪  Esboços de retratos calvinianos  ▪ Nela temos a convicção de que a relação de seu contexto original com as identificações à pessoa de João Calvino desde sua morte, não é mera coincidência. Se lhe fosse oportuno um lance de existência atual, é possível que ele fizesse semelhante indagação, apesar de seu desinteresse por ela em sua existência. Desse modo, tem início o empenho de disponibilizar a verdade histórica da identidade e identificação de João Calvino: advogado, um dos principais líder da Reforma Protestante do século XVI, pastor na cidade de Genebra e escritor cristão, com vasta literatura legada à posteridade, com a íntegra apresentação do Evangelho de Cristo pela fiel exposição bíblica. Porque já se distanciam os limites dos 500 anos de seu na...

JOÃO CALVINO: O GÊNIO DE GENEBRA PELA GLORIA DE DEUS

 
No outono de 1539, João Calvino escreveu a Sadoleto, um cardeal italiano que buscava reconquistar Genebra para a Igreja Católica Romana: “[Seu] zelo pela vida celestial [é] um zelo que mantém o homem totalmente devoto a si mesmo, e não o desperta, nem por uma única expressão, a santificar o nome de Deus.” Ele prossegue dizendo que Sadoleto deveria “colocar diante do homem, como principal motivo de sua existência, o zelo de enfatizar a glória de Deus.” (Selections from his Writings, 89)

Este seria um estandarte apropriado para toda a vida e obra de Calvino – zelo para refletir a glória de Deus. O significado essencial da vida e da pregação de Calvino é que ele recuperou e encarnou uma paixão pela absoluta realidade e majestade de Deus.

  Dominado pela Majestade

Calvino nasceu em 10 de julho de 1509, em Noyon, França, quando Martinho Lutero tinha 25 anos e havia acabado de começar a ensinar a Bíblia em Wittenberg. A mensagem e o espírito da Reforma só chegariam a Calvino vinte anos depois, e, nesse meio tempo, ele dedicou sua juventude ao estudo da teologia medieval, do direito e dos clássicos. Mas em 1533, algo dramático aconteceu em sua vida por influência do ensino da Reforma. Calvino relata como lutava para viver a fé católica com zelo, quando:

Deus, por uma conversão repentina, subjugou e tornou minha mente receptiva ao aprendizado... Tendo assim recebido um pouco do gosto e do conhecimento da verdadeira piedade, fui imediatamente inflamado por um intenso desejo de progredir. (Selections from his Writings, 26)

De repente, Calvino viu e experimentou nas Escrituras a majestade de Deus. E naquele momento, tanto Deus quanto a palavra de Deus foram tão poderosamente autenticados em sua alma que ele se tornou servo amoroso de Deus e de sua palavra pelo resto da vida.

  Pastor de Genebra

Calvino sabia que tipo de ministério queria. Ele desejava desfrutar da tranquilidade literária para poder promover a fé reformada como um erudito. Mas Deus tinha planos radicalmente diferentes.

Depois de fugir de Paris e, finalmente, deixar a França definitivamente, Calvino pretendia ir para Estrasburgo em busca de uma vida de produção literária pacífica. Mas enquanto Calvino passava a noite em Genebra, William Farel, o líder ardente da Reforma naquela cidade, descobriu que ele estava lá e o procurou. Foi um encontro que mudou o curso da história, não apenas para Genebra, mas ao mundo. Calvino recorda:

Farel, que ardia com um zelo extraordinário para promover o evangelho, imediatamente percebeu que meu coração estava decidido a me dedicar a estudos particulares... E certo de que não conseguiria nada com súplicas, deu-se a proferir uma imprecação de que Deus amaldiçoaria meu retino e a tranquilidade dos estudos que eu buscava, caso eu me retirasse e recusasse a ajudar, quando a necessidade era tão urgente. Por essa imprecação, fiquei tão aterrorizado que desisti da viagem que planejava empreender.

O rumo de sua vida mudou irrevogavelmente. Calvino jamais trabalharia no que chamava de “tranquilidade dos estudos”. Desde, então, cada página dos 48 volumes de livros, tratados, sermões, comentários e cartas que escreveu seria forjada na bigorna da responsabilidade pastoral. Nos 28 anos seguintes (exceto por uma pausa de dois anos), Calvino dedicou-se a expor a Palavra — a mostrar a majestade de Deus nas Escrituras ao seu rebanho genebrino.

  Glória Recuperada

A necessidade da Reforma era fundamentalmente esta: Roma havia destruído a glória de Cristo de muitas maneiras. (Portrait of Calvin, 113) A razão, segundo Calvino, de que a igreja estava “apegada a tantas doutrinas estranhas” foi o motivo da excelência de Cristo não ser percebida por nós.” (Portrait of Calvin, 113) Em outras palavras, o grande guardião da ortodoxia bíblica ao longo dos séculos é a paixão pela glória e excelência de Deus em Cristo.

A questão não é, primeiramente, os conhecidos pontos de conflito da Reforma: justificação, abusos sacerdotais, transubstanciação, orações aos santos e autoridade papal. Por trás de todos — e todos em jogo para Calvino — estava a questão fundamental de saber se a glória de Deus brilhava em sua plenitude, ou se de alguma forma estava sendo diminuída. Do início de seu ministério até o fim de sua vida, sua estrela guia em visão foi a centralidade, supremacia e majestade da glória de Deus.

  Desvendando os Tesouros das Escrituras

Geerhardus Vos argumentou que esse foco na glória de Deus é a razão pela qual a tradição reformada obteve mais sucesso do que a tradição luterana em “compreender o rico conteúdo das Escrituras.” Ambas, se “lançaram nas Escrituras.” Mas havia uma diferença:

Como a teologia reformada se firmou nas Escrituras em sua ideia fundamental mais profunda, ela estava em posição de trabalhá-las mais plenamente a partir desse ponto central e permitir que cada parte de seu conteúdo se revelasse por si mesma. Essa ideia fundamental, que serviu como chave para desvendar os ricos tesouros das Escrituras, foi a preeminência da glória de Deus na consideração de tudo o que foi criado. (Shorter Writings, 243)

O verdadeiro gênio de Genebra não era a mente de João Calvino, mas a paixão pela glória de Deus. Cada geração precisa desvendar os tesouros das Escrituras para os perigos e possibilidades peculiares de seu próprio tempo. Nossa geração não é diferente de nenhuma outra. Creio que só conseguiremos fazer isso bem, se formos profundamente e alegremente dominados pela maior realidade revelada pelas Escrituras: a majestade da glória de Deus.


Autor   John Piper
Foi fundador e professor do Desiring God e chanceler do Bethlehem College and Seminary. Por 33 anos, serviu como pastor da Igreja Batista Bethlehem, em Minneapolis, Minnesota. Ele é autor de mais de 50 livros, e seus sermões, artigos, livros e outros estão disponíveis gratuitamente no desiringGod.org. Texto sob título original: John Calvin (1509-1564), The Genius of Geneva, de John Piper. © Desiring God Foundation. Fonte: desiringGod.org. Disponível em: https://www.desiringgod.org/articles/the-genius-of-geneva. Acesso em: 12/12/2025.
Tradução: Calvino21.

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