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PROVIDÊNCIA EM CALVINO |2| NÃO FOI SORTE, MAS A MÃO DE DEUS

▪ ▪ ▪ ┌ João Calvino
Se alguém cai nas mãos de ladrões ou de animais selvagens; se uma rajada repentina de vento no mar causa um naufrágio; se alguém é atingido pela queda de uma casa ou de uma árvore; se outro, vagando por caminhos deserto, encontra suprimento; ou, após, ser sacudido pelas ondas, chega ao porto e escapada morte por um fio, todos esses acontecimentos, prósperos ou adversos, serão atribuídos pela razão carnal à fortuna [sorte]. Mas quem aprendeu com a boca de Cristo que todos os cabelos da sua cabeça estão contados [Mt. 10.30], buscará bem mais longe disso a causa, e sustentará que todos os eventos, quaisquer que sejam, são governados pelo conselho secreto de Deus.
Com relação aos objetos inanimados, devemos sustentar que, embora cada um possua suas propriedades peculiares, todos exercem sua força apenas na medida em que são dirigidos diretamente pela mão de Deus. Portanto, não são nada mais do que instrumentos, nos quais Deus constantemente infunde a energia que considera adequada e direciona e converte para qualquer propósito a seu bel-prazer.
Nenhum objeto criado proporciona um espetáculo mais maravilhoso ou glorioso do que a do sol. Porque, além de iluminar o mundo inteiro com seu brilho, é tão grandioso que nutre e revigora todos os animais com seu calor e fertiliza a terra com seus raios: aquecendo as sementes dos grãos em seu seio e, assim, fazendo brotar a folha verdejante! Ele, também, a sustenta, aumenta e fortalece com nutrição adicional, até que se transforme em caule. E continua a alimentá-la com umidade contínua até que floresça: e, da flor ao fruto, que continua a amadurecer até atingir a maturidade. Da mesma forma, pelo seu calor, brotam árvores e videiras, que produzem: primeiro, suas folhas; depois suas flores; e, por fim, seus frutos. E o Senhor, para que pudesse reivindicar toda a glória dessas coisas como sua, aprouve-lhe que a luz existisse e que a terra fosse repleta de todo tipo de ervas e frutos, antes de criar o sol [Gn. 1.3, 11, 14].
Nenhum homem piedoso, portanto, fará do sol a causa necessária ou principal das coisas que existiam antes da sua criação, mas apenas como instrumento que Deus emprega, porque ele vê isso como bom [Gn. 1.18], embora possa preteri-lo e agir igualmente bem por si mesmo. Novamente, quando lemos que, à oração de Josué, o sol parou em seu curso [Js. 10.13] e que, como um favor a Ezequias, a sua sombra recuou dez graus [2Rs. 20.11; Is. 38.8], por meio desses milagres, Deus declarou que o sol não nasce e se põe diariamente por um instinto cego da natureza, mas é governado por ele em seu curso, para que Ele possa renovar a lembrança de seu favor paterno para conosco. Nada é mais natural do que, em sua volta, a primavera suceder ao inverno, o verão à primavera e o outono ao verão — cada um por sua vez. No entanto, nessas sequências as variações são tão grandes e tão desiguais, que fica muito evidente que cada ano, mês e dia é regido por uma nova e especial providência de Deus.
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