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Destaques

LANÇAMENTO: LIVRO "JOÃO CALVINO: QUEM DIZEM QUE SOU?"

Sob empréstimo da pergunta de Jesus aos discípulos, foi publicada a décima obra da Coleção Calvino21 , organizada pelo historiador e teólogo J. A. Lucas Guimarães, sob o título: JOÃO CALVINO: “QUEM DIZEM QUE SOU?”   ▪  Esboços de retratos calvinianos  ▪ Nela temos a convicção de que a relação de seu contexto original com as identificações à pessoa de João Calvino desde sua morte, não é mera coincidência. Se lhe fosse oportuno um lance de existência atual, é possível que ele fizesse semelhante indagação, apesar de seu desinteresse por ela em sua existência. Desse modo, tem início o empenho de disponibilizar a verdade histórica da identidade e identificação de João Calvino: advogado, um dos principais líder da Reforma Protestante do século XVI, pastor na cidade de Genebra e escritor cristão, com vasta literatura legada à posteridade, com a íntegra apresentação do Evangelho de Cristo pela fiel exposição bíblica. Porque já se distanciam os limites dos 500 anos de seu na...

PROVIDÊNCIA EM CALVINO |2| NÃO FOI SORTE, MAS A MÃO DE DEUS

▪ ▪ ▪   João Calvino

   Não existe tal coisa
como sorte ou acaso!
P ara que essa distinção possa ser ainda mais evidente, devemos considerar que a Providência de Deus, conforme é ensinada nas Escrituras, opõe-se à fortuna [sorte] e as causas fortuitas. Por conta de uma opinião errônea que prevaleceu em todas as épocas, a mesma opinião quase universalmente se mantém em nossos dias, a saber, a de que todas as coisas acontecem por acaso, a verdadeira doutrina da Providência não apenas foi obscurecida, como quase sepultada.

Se alguém cai nas mãos de ladrões ou de animais selvagens; se uma rajada repentina de vento no mar causa um naufrágio; se alguém é atingido pela queda de uma casa ou de uma árvore; se outro, vagando por caminhos deserto, encontra suprimento; ou, após, ser sacudido pelas ondas, chega ao porto e escapada morte por um fio, todos esses acontecimentos, prósperos ou adversos, serão atribuídos pela razão carnal à fortuna [sorte]. Mas quem aprendeu com a boca de Cristo que todos os cabelos da sua cabeça estão contados [Mt. 10.30], buscará bem mais longe disso a causa, e sustentará que todos os eventos, quaisquer que sejam, são governados pelo conselho secreto de Deus.

Com relação aos objetos inanimados, devemos sustentar que, embora cada um possua suas propriedades peculiares, todos exercem sua força apenas na medida em que são dirigidos diretamente pela mão de Deus. Portanto, não são nada mais do que instrumentos, nos quais Deus constantemente infunde a energia que considera adequada e direciona e converte para qualquer propósito a seu bel-prazer.

Nenhum objeto criado proporciona um espetáculo mais maravilhoso ou glorioso do que a do sol. Porque, além de iluminar o mundo inteiro com seu brilho, é tão grandioso que nutre e revigora todos os animais com seu calor e fertiliza a terra com seus raios: aquecendo as sementes dos grãos em seu seio e, assim, fazendo brotar a folha verdejante! Ele, também, a sustenta, aumenta e fortalece com nutrição adicional, até que se transforme em caule.  E continua a alimentá-la com umidade contínua até que floresça: e, da flor ao fruto, que continua a amadurecer até atingir a maturidade. Da mesma forma, pelo seu calor, brotam árvores e videiras, que produzem: primeiro, suas folhas; depois suas flores; e, por fim, seus frutos. E o Senhor, para que pudesse reivindicar toda a glória dessas coisas como sua, aprouve-lhe que a luz existisse e que a terra fosse repleta de todo tipo de ervas e frutos, antes de criar o sol [Gn. 1.3, 11, 14].

Nenhum homem piedoso, portanto, fará do sol a causa necessária ou principal das coisas que existiam antes da sua criação, mas apenas como instrumento que Deus emprega, porque ele vê isso como bom [Gn. 1.18], embora possa preteri-lo e agir igualmente bem por si mesmo. Novamente, quando lemos que, à oração de Josué, o sol parou em seu curso [Js. 10.13] e que, como um favor a Ezequias, a sua sombra recuou dez graus [2Rs. 20.11; Is. 38.8], por meio desses milagres, Deus declarou que o sol não nasce e se põe diariamente por um instinto cego da natureza, mas é governado por ele em seu curso, para que Ele possa renovar a lembrança de seu favor paterno para conosco. Nada é mais natural do que, em sua volta, a primavera suceder ao inverno, o verão à primavera e o outono ao verão — cada um por sua vez. No entanto, nessas sequências as variações são tão grandes e tão desiguais, que fica muito evidente que cada ano, mês e dia é regido por uma nova e especial providência de Deus.

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Autor    João Calvino 
Texto extraído de sua obra magna, intitulada de Institutes of the Christian Religion (Livro I, XVI, 2), traduzida ao inglês por Henry Beveridge. Disponível em: https://ccel.org/ccel/calvin/institutes/institutes.iii.xvii.html. Acesso em: 25/12/2025. Tradução de J. A. Lucas Guimarães, organizador do Calvino21.
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